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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pastores ou Potentados 2 Tim. 2



Alguns líderes modernos de igrejas imaginam-se a si mesmos como homens de negócios, personalidades da mídia, promovedores de entretenimento, psicólogos, filósofos ou advogados. Essas idéias e conceitos se contrastam, nitidamente, em todos os seus detalhes, com o tom da simbologia que as Escrituras utilizam para descrever os líderes espirituais.
Por exemplo, em 2 Timóteo 2, o apóstolo Paulo empregou 7 metáforas para descrever os rigores do ministério de liderança. Ele apresenta o pastor como um mestre (v. 2), um soldado (v. 3), um atleta (v. 5), um agricultor (v. 6), um obreiro trabalhador (v. 15), um vaso (vv. 20-21) e um escravo (v. 24). Todas essas figuras evocam idéias de sacrifício, labor, serviço e arduidade. Elas nos falam, de modo eloqüente, sobre as responsabilidades complexas e diversas envolvidas no ministério de liderar. Nenhuma delas transforma o ministério de liderança em algo esplendoroso.
Esta é a razão por que não devemos supor que o exercer liderança seja algo espetacular. Liderar a igreja (estou falando sobre todos os aspectos da liderança espiritual, não somente da função do pastor) — não é um manto destatus a ser conferido à aristocracia da igreja. Não é obtido pela idade avançada, comprado com dinheiro ou herdado por laços de parentesco. O ministério de liderar não recai necessariamente sobre aqueles que são bem-sucedidos em seus negócios ou em suas finanças. Liderar a igreja não é distribuído com base na inteligência ou no talento. As exigências para a liderança são pureza de caráter, maturidade espiritual e, acima de tudo, disposição de servir com humildade.
A metáfora favorita de nosso Senhor, referindo-se à liderança espiritual, era a de um pastor — alguém que cuida do rebanho de Deus. Esta foi uma figura que Jesus utilizou para descrever a Si mesmo. Todo líder de igreja é um pastor. A palavra pastor significa alguém que cuida de ovelhas. Esta é uma figura muito apropriada. Um pastor guia, alimenta, fortalece, consola, corrige e protege. Essas são responsabilidades de todo líder de igreja.
Os pastores não possuem status. Em todas as culturas, eles ocupam os níveis mais baixos da pirâmide social. Isto corresponde perfeitamente às palavras de nosso Senhor, ao dizer: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lc 22.26).
No plano que Deus estabeleceu para a Igreja, a liderança é uma posição de humildade, amor e serviço. Liderar a igreja é um ministério, não um empreendimento administrativo. Aqueles que Deus indica como líderes não são chamados para serem monarcas, e sim súditos humildes; não celebridades espertíssimas, e sim servos que trabalham com empenho. Aqueles que lideram o povo de Deus têm de ser, antes de tudo, exemplos de sacrifício, devoção, submissão e humildade.O próprio Senhor Jesus serviu como modelo para nós, quando se inclinou para lavar os pés dos discípulos — uma tarefa que habitualmente era realizada pelos servos mais inferiores (Jo 13). Se o Senhor do universo agiu assim, nenhum líder de igreja tem o direito de pensar que é um mandachuva.
Pastorear animais é um trabalho que não exige muita habilidade. Não existem universidades que oferecem graus de doutorado em pastorear animais. Não é um trabalho difícil. Até um cachorro pode ser treinado para guardar um rebanho de ovelhas. Nos tempos bíblicos, rapazes (Davi, por exemplo) pastoreavam as ovelhas, enquanto os homens mais velhos realizavam serviços que demandavam mais habilidade e maturidade.
Pastorear um rebanho espiritual não é tão simples. O pastorado espiritual requer mais do que uma pessoa de pouca instrução e sem objetivos. Os padrões são elevados, e as exigências, difíceis de satisfazer. Nem todos podem preencher as qualificações, e de todos os que as satisfazem poucos parecem ser bem-sucedidos neste ministério. O pastorado espiritual exige um homem de integridade, piedade, dons e capacidades múltiplas. No entanto, ele precisa manter a perspectiva e o comportamento de um jovem pastor de animais.
A tremenda responsabilidade de liderar o rebanho de Deus está acompanhada do potencial de grande bênção ou de grande juízo. Os bons líderes são duplamente abençoados (1 Tm 5.17), e os péssimos líderes são duplamente repreendidos (v. 20), pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc 12.48). Tiago 3.1 nos diz: 
“Não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”.
As pessoas freqüentemente me perguntam o que eu acho ser o segredo do crescimento fenomenal da Igreja Comunidade da Graça, nas últimas duas décadas. Antes de qualquer outra resposta, eu lhes digo que é a soberania de Deus que determina a membresia de uma igreja e que os números não constituem um critério para avaliar o sucesso espiritual. Entretanto, em meio ao tremendo crescimento numérico, a espiritualidade vital de nossa igreja tem sido notável. Estou convencido de que Deus nos tem abençoado principalmente porque nosso povo tem mostrado forte compromisso com a liderança bíblica. Ao afirmar e procurar seguir o exemplo piedoso dos seus líderes, a nossa igreja tem aberto as portas às extraordinárias bênçãos das mãos de Deus.
Os líderes da Igreja Comunidade da Graça têm se esforçado para vencer a preocupação que algumas igrejas parecem ter em relação à auto-estima e ao egoísmo característicos da sociedade contemporânea. Os líderes de nossa igreja tanto seguem o modelo como proclamam a chamada de Jesus ao discipulado — “Quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 10.38,39).
Há alguns anos, quando construíamos o auditório que agora utilizamos como ginásio, alguns fizeram a compra de sete cadeiras em formato de trono, com uma coroa esculpida em sua parte mais alta. Tais cadeiras serviriam ao propósito de que o corpo de pastores se assentassem, quando subissem à plataforma. Nunca usamos aquelas cadeiras. Nossos pastores preferem assentar-se nos bancos, com a igreja. Isto é simbólico, mas reflete a atitude que desejamos transmitir como pessoas chamadas por Cristo para liderar sua igreja.
Filipenses 2.3-4 nos dá as prescrições para uma igreja saudável: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Como devemos ministrar? Procurando honrar as outras pessoas e satisfazer as necessidades delas. Se as pessoas de uma igreja estão brigando por posições e autoridade, ali haverá o mesmo tipo de caos que houve entre os discípulos, quando perguntavam a Jesus qual deles era o maior (Mt 20.20-21, Mc 9.33-35, Lc 22.24).
Temos de liderar com humildade nosso povo. Os pastores determinam a direção do rebanho. Nenhuma igreja será bem-sucedida, se os seus líderes falharem em sua tarefa. E nenhum rebanho sobreviverá e prosperará, se os seus pastores tentarem barganhar seu ministério por tronos.

John Macarthur

Sobre o autor: O Dr. John MacArthur é professor-pastor
 da Igreja Comunidade da Graça. Seguindo os passos de seu
pai, o Dr. Jack MacArthur, John representa cinco gerações 
sucessivas de pastores em sua família.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pastorear em Meio ao Caos





Domingo, oito horas e cinqüenta e oito minutos. Assentado num dos primeiros bancos do templo, levanto os olhos para verificar se os músicos já estão prontos. Todos têm uma cópia da liturgia do culto, a qual foi previamente preparada durante a semana. Olho para minha Bíblia para verificar se o esboço do sermão está colocado no lugar exato da passagem a ser lida. Olho ao redor e vejo todos bem arrumados e assentados e, aparentemente, prontos para adorar a Deus e ouvir Sua palavra. Levanto-me e caminho até a frente para saudar a todos. Tenho em mim certa sensação de que tudo está sob controle. Assim, aos domingos a vida pastoral não parece ser tão difícil. Exige certo trabalho, sim. Mas, com alguma dedicação e preparo prévio, tudo pode ser arranjado de forma que esteja sob controle.
Terça-feira, oito horas e cinqüenta e oito minutos. Após um agradável dia de folga, estou iniciando uma nova semana de serviço pastoral. Logo pela manhã, recebo um telefonema de uma mulher que no último Domingo, assentada de braços dados com seu marido, participava de forma contagiante do culto. Com a voz trêmula, ela informa que o marido acabou de deixar a família. No dia seguinte, recebo a notícia de que um dos presbíteros da Igreja, um dos que participaram da Ceia do Senhor no último Domingo foi hospitalizado em caráter urgente e precisa ser submetido a uma cirurgia muito delicada. Na Quinta-feira entra no gabinete pastoral uma das jovens da equipe de louvor. Cumprimento-a pela linda música que cantou no culto de Domingo. Em seguida, sem levantar os olhos, ela conta-me que está grávida de seu último namorado. Chego na Sexta-feira precisando preparar a mensagem e a liturgia do próximo Domingo com a sensação de que tudo está fora de controle e o mundo retornou ao caos.
Assim, como muitos outros pastores, deparo-me com a realidade de que, apesar do Domingo ser um dia essencial no serviço pastoral, muito deste ministério precisa ser feito em meio ao caos de Segunda a Sábado. Para o aumento de meu desespero, constato que recebi muitas ferramentas para ser um bom pastor no ambiente dominical, mas estou desprovido de recursos para lidar com o mundo hostil de Segunda a Sábado. Preciso então desenvolver a arte de pastorear em meio ao caos, ou como Eugene H. Peterson coloca, "a arte de orar em meio ao tráfico".

Vender Mapas ou Guiar Vidas

Certa vez, lendo e meditando sob o encontro de Filipe com o oficial etíope descrito no capítulo oito de Atos, fui conduzido a uma profunda reavaliação de meu ministério diante de um comentário sobre o verso 31. Segundo o relato bíblico, após ser questionado por Filipe quanto à compreensão do que vinha lendo, o oficial etíope respondeu com outra pergunta: "Como poderei entender, se alguém não me explicar?"
Sempre tive por óbvio o sentido do verbo aqui traduzido por "explicar" até que percebi que o termo grego ali usado é o verbo hodogéu (guiar ou conduzir). Este verbo foi utilizado na antigüidade para definir a atividade dos guias que conduziam pessoas através do deserto. Eles tinham os pés nos mesmos caminhos que as pessoas que guiavam, enfrentavam o calor do meio-dia, bem como o frio das noites.
Em franco contraste com a imagem dos guias, temos os vendedores de mapas. Estes últimos se apresentam das formas mais criativas, possuem idéias tremendas acerca dos desertos, são detentores de um grande poder de persuasão e prometem muitas vantagens aos interessados em seu produto. No entanto, eles não ousam caminhar ao lado das pessoas debaixo do sol escaldante ou em meio às noites frias. O papel deles restringe-se a oferecer mapas para os mais variados desertos da vida.
O oficial etíope, quando questionado por Filipe, declara a necessidade de ser acompanhado por um guia através de sua jornada espiritual. Em Atos 8.31 encontramos Filipe entrando na carruagem, sentando-se ao lado do oficial e seguindo com ele o caminho. E, começando por onde aquele homem se encontrava, guiou-o até Jesus (Atos 8.35). A opção de Filipe não é a de vender mapas, mas de guiar aquele homem.
O ministério pastoral, quando centralizado somente nos eventos dominicais, em muito pode se aproximar da atividade desenvolvida pelos vendedores de mapas. O ambiente pode ser preparado para inspirar, a música ensaiada para emocionar e as palavras elaboradas para motivar, mas, o distanciamento das pessoas e do caos em que vivem pode fazer deste momento um ato de se vender mapas. Diferentemente, quando o ministério pastoral é vivido em meio ao caos e há disposição de se estar próximo e atento às crises e às dores das pessoas, a imagem cristã do guia espiritual é resgatada na comunidade. O pastor torna-se aquele que ministra com relevância não apenas aos Domingos, mas especialmente entre Domingos, guiando e conduzindo pessoas através das crises e em meio ao caos.

Oração, Escrituras e Mentoria

No desafio de pastorear vidas em meio ao caos, creio que um dos grandes obstáculos que encontramos na atualidade é a visão errônea de que cabe a nós, pastores, a tarefa de resolver problemas. No mundo científico-industrial em que vivemos, problemas são vistos como barreiras a serem transpostas, e isso de forma mais prática e imediata possível. Assim, espera-se que "bons pastores" sejam pessoas prontas para responder a qualquer questão, para dar o palpite certo em tempos de indefinição e para orar com "eficácia" diante da enfermidade, desemprego, crise familiar, entre outras coisas.
Diferentemente, na tradição cristã, os problemas são vistos não como barreiras a serem transpostas de forma imediata e pragmática, mas, como mistérios a serem explorados. Por sua vez, os pastores não são vistos como miniaturas de Deus que resolvem os problemas que lhe são apresentados, mas, como homens e mulheres prontos a caminhar, em amor e em discernimento, ao lado daqueles que enfrentam a crise e o caos. Nesta jornada, mais importante do que a solução para a dor é a percepção de Deus e de Sua ação.
Por isso, como pastores, precisamos resgatar a prática da oração. Na medida em que oramos, ganhamos sensibilidade para perceber o que Deus está fazendo em nossas próprias vidas. Nossa própria história ganha sentido na medida em que percebemos o mover de Deus em nossa existência, nos conduzindo, nos lapidando e nos amando. A oração, diferentemente de muitas práticas contemporâneas, nos torna mais prontos ao mover de Deus e à confiança no que Ele está fazendo.

Além da oração, precisamos também resgatar a leitura sensível das Escrituras. Quando lemos e meditamos nas Escrituras, ganhamos sensibilidade para perceber como Deus está, constante e ativamente, presente na vida de Seu povo ao longo da História. A leitura das Escrituras oferece-nos a percepção e a convicção de que não existe casualidade, nem mesmo fatalidades. Por detrás de eventos e encontros, Deus está agindo na vida de Seu povo e a nós cabe estarmos sensíveis e atentos ao Seu mover.
No entanto, tanto a oração e a leitura sensível das Escrituras não podem ser tidas por práticas alienadoras e individualizantes. Ambas nos exercitam rumo ao pastoreio de vidas como guias que conduzem pessoas através do caos. Enquanto a oração nos convida à sensibilidade para com a ação de Deus em nossas próprias vidas, a leitura das Escrituras nos conduz à percepção da ação de Deus na História. No entanto, ambas nos preparam para a mentoria, a sensibilidade para com o que Deus está fazendo na vida daqueles que nos cercam.

Conclusão

Antigamente, como afirma Eugene Peterson, não existia muita diferença entre o que o pastor fazia aos Domingos e o que realizava entre Domingos. Tanto aos Domingos como entre Domingos, a tarefa pastoral era caracterizada pelo serviço de guiar homens e mulheres ao longo de seus desertos existenciais, através de suas crises e dores. Neste serviço, pastores faziam uso da oração e da leitura das Escrituras. No entanto, atualmente, o serviço pastoral tem se distinguido em "Ministério aos Domingos" e "Ministério entre Domingos". E a grande mudança tem se dado no caráter das atividades que um pastor faz "entre Domingos", as quais têm sido grandemente definidas como práticas para "tocar uma Igreja" assim como um empresário toca sua empresa.
No entanto, estou convencido de que a grande carência de nossas igrejas na atualidade não é a de grandes visionários com suas propostas megalomaníacas, nem de marqueteiros com suas técnicas para aumentar a visibilidade e a aceitação das igrejas no mercado, nem muito menos de "vendedores de mapas" que articulam com maestria as palavras. Nossas igrejas estão necessitando de pais dispostos a viver com seus filhos, conduzindo-os através de suas limitações e crises, com amor e paciência na direção da maturidade em Cristo Jesus. Nossas comunidades precisam de guias que, através da oração e da Palavra, ajudem as pessoas a caminharem através de suas crises e a viverem em meio ao caos.


Rev. Ricardo Agreste


Sobre o autor: Ricardo Agreste é pastor
da Comunidade Presbiteriana 
Chácara Primavera e Professor
 no Seminário Servos de Cristo 
em São Paulo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Conformes à Imagem de Cristo

Mas assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo" 1Pe 1:15-16
O fato óbvio de que todos nós pecamos pode criar uma atmosfera de falsa segurança entre nós, levando-nos a aceitar com facilidade a idéia de que o pecado é tão comum que não devemos ser demasiado incomodado por ele para que não nos rendemos a nossa saúde mental a uma auto- depreciativo neurose. No entanto, em nosso desejo de nos consolar e manter uma boa auto-imagem, que pode empurrar para o queimador de volta o mandato de Deus: "Sede santos, como Eu sou santo".
Os cristãos evangélicos são mais vulneráveis a sucumbir a essa distorção. Destacamos o fato de que nossa justificação é somente pela fé e insistir para que a nossa justiça é encontrada somente em Cristo. Embora essas afirmações são verdadeiras, é igualmente verdade que a fé pela qual somos justificados é uma fé que produz frutos em nossas vidas. O slogan da Reforma foi a de que somos justificados somente pela fé, mas não por uma fé que está sozinho.
No instante que a fé verdadeira está presente no coração do crente, o processo de santificação começa. A mudança começa de uma vez. O cristão começa a ser conformes à imagem de Cristo. Estamos a tornar-se santo. Se não estamos a tornar-se santo, então, Cristo não está em nós e à nossa profissão de fé é vazia.


Depois desse momento de leitura e reflexão, ore a Deus pedindo que Ele possa está mudando tudo aquilo na sua vida que não esteja em conformidade com a Sua Palavra. 
Deus abençoe a sua vida a cada dia ter uma fé prática.
Naíla Lopes

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mananciais no Deserto

Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O homem creu na palavra de Jesus, e partiu. (Jo4.50.)
 Orando, crede.
 (Mc 11.24.)

Quando um assunto requer oração específica, devemos orar, até estarmos seguros de que o assunto está nas mãos de Deus; até podermos, com sinceridade, dar-lhe graças pela resposta. Se a resposta aparentemente demorar, não devemos ficar orando como quem não crê que ela vem. Tal oração, em vez de servir de ajuda, será um obstáculo, pois, quando acabarmos de orar, veremos que a nossa fé se enfraqueceu ou até mesmo se foi.
O impulso que nos leva a fazer essa oração veio evidentemente de nós mesmos ou do inimigo. Se o Senhor está-nos fazendo esperar, pode não ser errado mencionarmos o assunto a Ele outra vez, mas façamo-lo como alguém que está crendo. Não oremos de tal modo a perder a fé, em vez de crescer na fé. Digamos ao Senhor que estamos esperando e crendo que Ele nos ouviu, e desde já, louvemo-lO pela resposta.
A própria fé é robustecida quando podemos dar graças pela resposta que já cremos que vamos receber. A oração que nos faz sair da fé nega tanto a promessa de Deus na Sua Palavra, como aquele "Sim" que Ele segredou ao nosso coração. Essas orações expressam a inquietação do coração, e inquietação resulta de incredulidade quanto à respos­ta. "Pois nós os que cremos entramos no repouso" (Hb 4.3).
É quando ficamos mais voltados para as dificuldades do que para as promessas de Deus, que muitas vezes nascem essas orações ansiosas. Vigiemos e oremos para não cairmos na tentação de orar assim. Abraão, "embora levasse em conta o seu próprio corpo já amorteci­do, não duvidou da promessa de Deus" (Rm 4.19,20).
Fé não é um sentido, nem vista, nem razão — é tomar a Deus na sua Palavra. — Evans
            O começo da ansiedade é o fim da fé, e o começo da fé é o fim da ansiedade. — Jorge Müller
"Visto que por tal caminho nunca passastes antes" (Js 3.4).
No meio de circunstâncias confortáveis a sua fé não vai crescer. Num momento a sós com Deus, Ele nos dá uma promessa e, com palavras grandiosas e cheias de graça, confirma uma aliança conosco. Põe-se, então, à distância para ver quanto nós cremos, e a seguir, permite que o tentador venha — ah, e a prova parece contradizer tudo o que Ele falou. É nessa hora que a fé ganha a coroa. É o momento de olharmos para cima através da tempestade e, do meio dos navegantes atemorizados, exclamar: "Eu confio em Deus, que sucederá do modo por que me foi dito".
Eu sei em quem tenho crido.
Ele criou céus e terra,
Me fez, e por mim se deu.

Por isso, rujam as águas,
No que me falou, espero.
Fiel é o que prometeu.
Extraído do livro "Mananciais no Deserto", 
Lettie Cowman, Ed. Betânia, 2007.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mananciais no Deserto

Tira para fora as suas ovelhas. (Jo 10.4.)
           
Ah, esse é um trabalho penoso para Ele e para nós — é penoso para nós o sair, mas é geralmente penoso para Ele o causar-nos sofrimento; contudo, isso precisa ser feito. Não seria bom para o nosso verdadeiro bem-estar permanecer sempre numa situação feliz e cômoda. Por isso, Ele nos tira para fora. O redil fica vazio, para que as ovelhas possam vaguear pelos salutares flancos das monta­nhas. Os obreiros precisam ser atirados ao campo da colheita, de outra forma se perderão os preciosos grãos.
Tomemos alento! Se Ele nos tira da proteção do aprisco, é porque ficar dentro não seria o melhor; e se a amorosa mão do Senhor nos faz sair, é porque isso é bom. Em Seu nome, avancemos para os pastos verdes, para as águas tranqüilas e para os altos montes! Ele vai adiante.
O que quer que nos espere no caminho, Ele O encontrará primeiro. Os olhos da fé podem sempre discernir, à frente, a Sua majestosa presença; se não pudermos reconhecê-la, então é perigoso avançar. Guardemos no coração esta palavra de ânimo: o Salvador já experimentou todas as dificuldades que agora Ele nos pede para enfrentar; e não nos pediria para atravessá-las, se não estivesse certo de que não são difíceis demais para nós, nem estão além das nossas forças.
 Assim é a vida abençoada: não fica ansiosa por ver à distância ou preocupada com o próximo passo; não deseja escolher o caminho nem se sobrecarrega com as responsabilidades do futuro; mas vai calmamente seguindo atrás do Pastor, um passo por vez.

Eu vou andando com meu Pastor;
Passo por passo. Não vejo ao longe,
- Nem posso ver
Mas os caminhos a escolher
Meu Pastor sabe; e me dirige,
Passo por passo.

Tudo Ele sabe; tudo conhece;
Já palmilhou estes caminhos;
Pode valer-me. E vai à frente
Passo por passo.
Pra me atacar, todo inimigo
Terá primeiro de enfrentar
O meu Pastor. E Ele me guarda
Passo por passo.

Que temerei, o meu passado?
Seja por Ele achei perdão?
Quanto ao futuro,
Está guardado em Sua mão.
Quanto ao presente...
Eu vou andando com meu Pastor,
Passo por passo.

O pastor oriental ia sempre adiante das ovelhas. Qualquer ataque contra elas o tinha pela frente. Deus está adiante de nós. Ele está nos amanhãs. É o amanhã que enche os homens de pavor. Mas Deus já está lá. Todos os amanhãs da nossa vida têm que passar por Ele antes de chegarem até nós. — F. B. M.

Extraído do livro "Mananciais no Deserto"--
 Lettie Cowman, Ed. Betânia, 1999. 


Deus abençoe a sua vida!
Naíla Lopes

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Fontes Transcendentes de Ternura

Meditação sobre Deuteronômio 10.17-19


Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e a viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito.


A ternura de Deus para com os humildes está arraigada em sua auto-suficiência transcendente. Isto significa que aqueles que amam enaltecer a grandeza de Deus (o que todos deveriam fazer, de acordo com Salmos 40.16) precisam deleitar-se na ternura para com os humildes. Deus exalta a auto-suficiência transcendente por amar o órfão, a viúva e o estrangeiro.
Deus é Deus sobre todos os outros deuses. Ele é o Senhor sobre todos os senhores. Ele é o Senhor sobre todos os senhores. Ele é “grande”. É “poderoso”. É “temível”. Com base nesta grandeza, Moisés disse que Deus “não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno”. Tudo isso enfatiza a auto-suficiência transcendente de Deus. Ele não aceita suborno, porque não tem motivo para aceitá-lo. Deus já possui todo dinheiro do universo, e controla o subornador. Ele está acima dos subornos como o sol está acima das velas ou como a beleza está acima dos espelhos.
Moisés também disse que Deus não faz acepção de pessoas. Ou seja, Ele não tenta conquistar o favor de alguém por meio de tratamento especial. Fazer acepção de pessoas é outro tipo de suborno, não com dinheiro, mas com tratamento privilegiado. Deus está acima disso, porque não precisa do favor dos outros. Se Ele quer que algo seja feito, não fica preso a estratégias coercitivas. Ele simplesmente o realiza. Fazer acepção de pessoas é o que você faz, quando não pode enfrentar as conseqüências da justiça. Mas Deus não é somente capaz de enfrentar essas conseqüências, Ele é a fonte de toda capacidade de enfrentá-las. Deus não depende de ninguém, além dEle mesmo. Ele é transcendentemente auto-suficiente.
Agora, temos a parte mais preciosa. Com base nessa auto-suficiência transcendente, Moisés disse que Deus “faz justiça ao órfão e a viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes”. Visto que Deus não pode ser subordinado pelo rico e não tem deficiências a serem remediadas por meio do favoritismo, Ele trabalha em favor daqueles que não se podem dar ao luxo de pagar subornos e que nada tem para atrair a parcialidade dEle—o órfão, a viúva e o estrangeiro. Esta é a razão por que eu disse que a ternura de Deus para com o humilde está arraigada em sua auto-suficiência transcendente.
Em seguida, temos a aplicação no versículo 19: “Amais, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na terra do Egito”. Isto não deve ser feito por sermos transcendentemente auto-suficientes. Deve ser feito por sermos os benefícios da abundante plenitude transcendente de Deus. Visto que o nosso Deus transcendente age por nós e nos satisfaz consigo mesmo, podemos nos unir a Ele em condescendência. Esta é a razão para crermos que continuaremos a ser beneficiários, se não tentarmos subordiná-Lo com nossas obras ou exibir-nos para conquistar a predileção dEle. Se nos conhecermos como pessoas em condição de desamparo, semelhante à de uma viúva, de um órfão ou de um estrangeiro e dependermos da espontânea graça futura de um Salvador auto-suficiente,seremos amados para sempre. E, sendo amados dessa maneira, teremos poder e prazer em amar como somos amados.
Isto é o que está subentendido em Tiago 1.27: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas atribulações”. Esta é a verdadeira religião, porque flui da auto-suficiência transcendente de Deus, é sustentada pela sua graça e ecoa para a sua glória. Isto não corresponde a fazer o bem socialmente. É uma evidencia da abundante provisão de Deus. Que Deus nos torne um povo cheio de ternura, para a glória de sua transcendente auto-suficiência!

John Piper
Pastor da Igreja Batista Bethlehem, em Minessota

Extraído de "Uma vida voltada para Deus" - John Piper, Ed. Fiel, 2007.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mananciais no Deserto

Eu seguirei guiando-as pouco a pouco, no passo do gado que me vai à frente... e no passo dos meninos. (Gn 33.14.)

Nós ainda não passamos por este caminho, mas o Senhor Jesus já passou. É um caminho ainda não palmilhado por nós, mas Ele o conhece todo por experiência pessoal. Os trechos íngremes que nos tiram o fôlego, os trechos pedregosos que nos magoam os pés, e outros escaldantes que nos deixam tão cansados, os rios turbulentos que temos de atravessar — por tudo isso Jesus já passou antes de nós.
Ele esteve "cansado da viagem". Não só algumas, mas todas as muitas águas passaram sobre ele; e não puderam apagar Seu amor. Ele é um guia perfeito, pelas coisas que padeceu. "Ele conhece a nossa estrutura, e lembra-se de que somos pó." Pense nisto, quando você for tentado a duvidar de que Ele o guia com bondade. Ele sabe de tudo, o tempo todo; e não vai fazer que você dê sequer um passo além do que os seus pés agüentam. Não se importe se acha que não será capaz de dar o próximo passo, pois, ou Ele lhe dará a força necessária para dá-lo, ou ordenará uma parada, e você não o terá que dar. — Frances Ridley Havergal
Que bonito este quadro do cuidado de Jacó para com o gado e as crianças. Não os deixaria cansarem-se demais por um dia sequer. Não iria conduzi-los segundo a rapidez dos passos de um homem forte como Esaú, mas só de acordo com o que eram capazes de suportar. Ele sabia exatamente a distância que agüentariam percor­rer num dia; e foi só o que levou em conta ao programar as caminhadas. Ele havia percorrido os mesmos caminhos desertos, tempos atrás, e conhecia por experiência as suas asperezas, calor e extensão. Por isso disse:
"Eu seguirei guiando-as pouco a pouco."
Tudo são flores?
E pastos verdes?
Sabes que não.
Nem sempre.

Mas a promessa diz fielmente
Que nada te faltará.
Por que temores?
O Mestre falha?

Eu sei que não.
Não falha.
Que tudo mude, tenho a promessa
De que Ele comigo está.

Lettie Cowman

Extraído de "Mananciais no Deserto" – Lettie Cowman, Ed. Betânia, 1999.