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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pastores ou Potentados 2 Tim. 2



Alguns líderes modernos de igrejas imaginam-se a si mesmos como homens de negócios, personalidades da mídia, promovedores de entretenimento, psicólogos, filósofos ou advogados. Essas idéias e conceitos se contrastam, nitidamente, em todos os seus detalhes, com o tom da simbologia que as Escrituras utilizam para descrever os líderes espirituais.
Por exemplo, em 2 Timóteo 2, o apóstolo Paulo empregou 7 metáforas para descrever os rigores do ministério de liderança. Ele apresenta o pastor como um mestre (v. 2), um soldado (v. 3), um atleta (v. 5), um agricultor (v. 6), um obreiro trabalhador (v. 15), um vaso (vv. 20-21) e um escravo (v. 24). Todas essas figuras evocam idéias de sacrifício, labor, serviço e arduidade. Elas nos falam, de modo eloqüente, sobre as responsabilidades complexas e diversas envolvidas no ministério de liderar. Nenhuma delas transforma o ministério de liderança em algo esplendoroso.
Esta é a razão por que não devemos supor que o exercer liderança seja algo espetacular. Liderar a igreja (estou falando sobre todos os aspectos da liderança espiritual, não somente da função do pastor) — não é um manto destatus a ser conferido à aristocracia da igreja. Não é obtido pela idade avançada, comprado com dinheiro ou herdado por laços de parentesco. O ministério de liderar não recai necessariamente sobre aqueles que são bem-sucedidos em seus negócios ou em suas finanças. Liderar a igreja não é distribuído com base na inteligência ou no talento. As exigências para a liderança são pureza de caráter, maturidade espiritual e, acima de tudo, disposição de servir com humildade.
A metáfora favorita de nosso Senhor, referindo-se à liderança espiritual, era a de um pastor — alguém que cuida do rebanho de Deus. Esta foi uma figura que Jesus utilizou para descrever a Si mesmo. Todo líder de igreja é um pastor. A palavra pastor significa alguém que cuida de ovelhas. Esta é uma figura muito apropriada. Um pastor guia, alimenta, fortalece, consola, corrige e protege. Essas são responsabilidades de todo líder de igreja.
Os pastores não possuem status. Em todas as culturas, eles ocupam os níveis mais baixos da pirâmide social. Isto corresponde perfeitamente às palavras de nosso Senhor, ao dizer: “O maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve” (Lc 22.26).
No plano que Deus estabeleceu para a Igreja, a liderança é uma posição de humildade, amor e serviço. Liderar a igreja é um ministério, não um empreendimento administrativo. Aqueles que Deus indica como líderes não são chamados para serem monarcas, e sim súditos humildes; não celebridades espertíssimas, e sim servos que trabalham com empenho. Aqueles que lideram o povo de Deus têm de ser, antes de tudo, exemplos de sacrifício, devoção, submissão e humildade.O próprio Senhor Jesus serviu como modelo para nós, quando se inclinou para lavar os pés dos discípulos — uma tarefa que habitualmente era realizada pelos servos mais inferiores (Jo 13). Se o Senhor do universo agiu assim, nenhum líder de igreja tem o direito de pensar que é um mandachuva.
Pastorear animais é um trabalho que não exige muita habilidade. Não existem universidades que oferecem graus de doutorado em pastorear animais. Não é um trabalho difícil. Até um cachorro pode ser treinado para guardar um rebanho de ovelhas. Nos tempos bíblicos, rapazes (Davi, por exemplo) pastoreavam as ovelhas, enquanto os homens mais velhos realizavam serviços que demandavam mais habilidade e maturidade.
Pastorear um rebanho espiritual não é tão simples. O pastorado espiritual requer mais do que uma pessoa de pouca instrução e sem objetivos. Os padrões são elevados, e as exigências, difíceis de satisfazer. Nem todos podem preencher as qualificações, e de todos os que as satisfazem poucos parecem ser bem-sucedidos neste ministério. O pastorado espiritual exige um homem de integridade, piedade, dons e capacidades múltiplas. No entanto, ele precisa manter a perspectiva e o comportamento de um jovem pastor de animais.
A tremenda responsabilidade de liderar o rebanho de Deus está acompanhada do potencial de grande bênção ou de grande juízo. Os bons líderes são duplamente abençoados (1 Tm 5.17), e os péssimos líderes são duplamente repreendidos (v. 20), pois “àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc 12.48). Tiago 3.1 nos diz: 
“Não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo”.
As pessoas freqüentemente me perguntam o que eu acho ser o segredo do crescimento fenomenal da Igreja Comunidade da Graça, nas últimas duas décadas. Antes de qualquer outra resposta, eu lhes digo que é a soberania de Deus que determina a membresia de uma igreja e que os números não constituem um critério para avaliar o sucesso espiritual. Entretanto, em meio ao tremendo crescimento numérico, a espiritualidade vital de nossa igreja tem sido notável. Estou convencido de que Deus nos tem abençoado principalmente porque nosso povo tem mostrado forte compromisso com a liderança bíblica. Ao afirmar e procurar seguir o exemplo piedoso dos seus líderes, a nossa igreja tem aberto as portas às extraordinárias bênçãos das mãos de Deus.
Os líderes da Igreja Comunidade da Graça têm se esforçado para vencer a preocupação que algumas igrejas parecem ter em relação à auto-estima e ao egoísmo característicos da sociedade contemporânea. Os líderes de nossa igreja tanto seguem o modelo como proclamam a chamada de Jesus ao discipulado — “Quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim.Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 10.38,39).
Há alguns anos, quando construíamos o auditório que agora utilizamos como ginásio, alguns fizeram a compra de sete cadeiras em formato de trono, com uma coroa esculpida em sua parte mais alta. Tais cadeiras serviriam ao propósito de que o corpo de pastores se assentassem, quando subissem à plataforma. Nunca usamos aquelas cadeiras. Nossos pastores preferem assentar-se nos bancos, com a igreja. Isto é simbólico, mas reflete a atitude que desejamos transmitir como pessoas chamadas por Cristo para liderar sua igreja.
Filipenses 2.3-4 nos dá as prescrições para uma igreja saudável: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. Como devemos ministrar? Procurando honrar as outras pessoas e satisfazer as necessidades delas. Se as pessoas de uma igreja estão brigando por posições e autoridade, ali haverá o mesmo tipo de caos que houve entre os discípulos, quando perguntavam a Jesus qual deles era o maior (Mt 20.20-21, Mc 9.33-35, Lc 22.24).
Temos de liderar com humildade nosso povo. Os pastores determinam a direção do rebanho. Nenhuma igreja será bem-sucedida, se os seus líderes falharem em sua tarefa. E nenhum rebanho sobreviverá e prosperará, se os seus pastores tentarem barganhar seu ministério por tronos.

John Macarthur

Sobre o autor: O Dr. John MacArthur é professor-pastor
 da Igreja Comunidade da Graça. Seguindo os passos de seu
pai, o Dr. Jack MacArthur, John representa cinco gerações 
sucessivas de pastores em sua família.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pastorear em Meio ao Caos





Domingo, oito horas e cinqüenta e oito minutos. Assentado num dos primeiros bancos do templo, levanto os olhos para verificar se os músicos já estão prontos. Todos têm uma cópia da liturgia do culto, a qual foi previamente preparada durante a semana. Olho para minha Bíblia para verificar se o esboço do sermão está colocado no lugar exato da passagem a ser lida. Olho ao redor e vejo todos bem arrumados e assentados e, aparentemente, prontos para adorar a Deus e ouvir Sua palavra. Levanto-me e caminho até a frente para saudar a todos. Tenho em mim certa sensação de que tudo está sob controle. Assim, aos domingos a vida pastoral não parece ser tão difícil. Exige certo trabalho, sim. Mas, com alguma dedicação e preparo prévio, tudo pode ser arranjado de forma que esteja sob controle.
Terça-feira, oito horas e cinqüenta e oito minutos. Após um agradável dia de folga, estou iniciando uma nova semana de serviço pastoral. Logo pela manhã, recebo um telefonema de uma mulher que no último Domingo, assentada de braços dados com seu marido, participava de forma contagiante do culto. Com a voz trêmula, ela informa que o marido acabou de deixar a família. No dia seguinte, recebo a notícia de que um dos presbíteros da Igreja, um dos que participaram da Ceia do Senhor no último Domingo foi hospitalizado em caráter urgente e precisa ser submetido a uma cirurgia muito delicada. Na Quinta-feira entra no gabinete pastoral uma das jovens da equipe de louvor. Cumprimento-a pela linda música que cantou no culto de Domingo. Em seguida, sem levantar os olhos, ela conta-me que está grávida de seu último namorado. Chego na Sexta-feira precisando preparar a mensagem e a liturgia do próximo Domingo com a sensação de que tudo está fora de controle e o mundo retornou ao caos.
Assim, como muitos outros pastores, deparo-me com a realidade de que, apesar do Domingo ser um dia essencial no serviço pastoral, muito deste ministério precisa ser feito em meio ao caos de Segunda a Sábado. Para o aumento de meu desespero, constato que recebi muitas ferramentas para ser um bom pastor no ambiente dominical, mas estou desprovido de recursos para lidar com o mundo hostil de Segunda a Sábado. Preciso então desenvolver a arte de pastorear em meio ao caos, ou como Eugene H. Peterson coloca, "a arte de orar em meio ao tráfico".

Vender Mapas ou Guiar Vidas

Certa vez, lendo e meditando sob o encontro de Filipe com o oficial etíope descrito no capítulo oito de Atos, fui conduzido a uma profunda reavaliação de meu ministério diante de um comentário sobre o verso 31. Segundo o relato bíblico, após ser questionado por Filipe quanto à compreensão do que vinha lendo, o oficial etíope respondeu com outra pergunta: "Como poderei entender, se alguém não me explicar?"
Sempre tive por óbvio o sentido do verbo aqui traduzido por "explicar" até que percebi que o termo grego ali usado é o verbo hodogéu (guiar ou conduzir). Este verbo foi utilizado na antigüidade para definir a atividade dos guias que conduziam pessoas através do deserto. Eles tinham os pés nos mesmos caminhos que as pessoas que guiavam, enfrentavam o calor do meio-dia, bem como o frio das noites.
Em franco contraste com a imagem dos guias, temos os vendedores de mapas. Estes últimos se apresentam das formas mais criativas, possuem idéias tremendas acerca dos desertos, são detentores de um grande poder de persuasão e prometem muitas vantagens aos interessados em seu produto. No entanto, eles não ousam caminhar ao lado das pessoas debaixo do sol escaldante ou em meio às noites frias. O papel deles restringe-se a oferecer mapas para os mais variados desertos da vida.
O oficial etíope, quando questionado por Filipe, declara a necessidade de ser acompanhado por um guia através de sua jornada espiritual. Em Atos 8.31 encontramos Filipe entrando na carruagem, sentando-se ao lado do oficial e seguindo com ele o caminho. E, começando por onde aquele homem se encontrava, guiou-o até Jesus (Atos 8.35). A opção de Filipe não é a de vender mapas, mas de guiar aquele homem.
O ministério pastoral, quando centralizado somente nos eventos dominicais, em muito pode se aproximar da atividade desenvolvida pelos vendedores de mapas. O ambiente pode ser preparado para inspirar, a música ensaiada para emocionar e as palavras elaboradas para motivar, mas, o distanciamento das pessoas e do caos em que vivem pode fazer deste momento um ato de se vender mapas. Diferentemente, quando o ministério pastoral é vivido em meio ao caos e há disposição de se estar próximo e atento às crises e às dores das pessoas, a imagem cristã do guia espiritual é resgatada na comunidade. O pastor torna-se aquele que ministra com relevância não apenas aos Domingos, mas especialmente entre Domingos, guiando e conduzindo pessoas através das crises e em meio ao caos.

Oração, Escrituras e Mentoria

No desafio de pastorear vidas em meio ao caos, creio que um dos grandes obstáculos que encontramos na atualidade é a visão errônea de que cabe a nós, pastores, a tarefa de resolver problemas. No mundo científico-industrial em que vivemos, problemas são vistos como barreiras a serem transpostas, e isso de forma mais prática e imediata possível. Assim, espera-se que "bons pastores" sejam pessoas prontas para responder a qualquer questão, para dar o palpite certo em tempos de indefinição e para orar com "eficácia" diante da enfermidade, desemprego, crise familiar, entre outras coisas.
Diferentemente, na tradição cristã, os problemas são vistos não como barreiras a serem transpostas de forma imediata e pragmática, mas, como mistérios a serem explorados. Por sua vez, os pastores não são vistos como miniaturas de Deus que resolvem os problemas que lhe são apresentados, mas, como homens e mulheres prontos a caminhar, em amor e em discernimento, ao lado daqueles que enfrentam a crise e o caos. Nesta jornada, mais importante do que a solução para a dor é a percepção de Deus e de Sua ação.
Por isso, como pastores, precisamos resgatar a prática da oração. Na medida em que oramos, ganhamos sensibilidade para perceber o que Deus está fazendo em nossas próprias vidas. Nossa própria história ganha sentido na medida em que percebemos o mover de Deus em nossa existência, nos conduzindo, nos lapidando e nos amando. A oração, diferentemente de muitas práticas contemporâneas, nos torna mais prontos ao mover de Deus e à confiança no que Ele está fazendo.

Além da oração, precisamos também resgatar a leitura sensível das Escrituras. Quando lemos e meditamos nas Escrituras, ganhamos sensibilidade para perceber como Deus está, constante e ativamente, presente na vida de Seu povo ao longo da História. A leitura das Escrituras oferece-nos a percepção e a convicção de que não existe casualidade, nem mesmo fatalidades. Por detrás de eventos e encontros, Deus está agindo na vida de Seu povo e a nós cabe estarmos sensíveis e atentos ao Seu mover.
No entanto, tanto a oração e a leitura sensível das Escrituras não podem ser tidas por práticas alienadoras e individualizantes. Ambas nos exercitam rumo ao pastoreio de vidas como guias que conduzem pessoas através do caos. Enquanto a oração nos convida à sensibilidade para com a ação de Deus em nossas próprias vidas, a leitura das Escrituras nos conduz à percepção da ação de Deus na História. No entanto, ambas nos preparam para a mentoria, a sensibilidade para com o que Deus está fazendo na vida daqueles que nos cercam.

Conclusão

Antigamente, como afirma Eugene Peterson, não existia muita diferença entre o que o pastor fazia aos Domingos e o que realizava entre Domingos. Tanto aos Domingos como entre Domingos, a tarefa pastoral era caracterizada pelo serviço de guiar homens e mulheres ao longo de seus desertos existenciais, através de suas crises e dores. Neste serviço, pastores faziam uso da oração e da leitura das Escrituras. No entanto, atualmente, o serviço pastoral tem se distinguido em "Ministério aos Domingos" e "Ministério entre Domingos". E a grande mudança tem se dado no caráter das atividades que um pastor faz "entre Domingos", as quais têm sido grandemente definidas como práticas para "tocar uma Igreja" assim como um empresário toca sua empresa.
No entanto, estou convencido de que a grande carência de nossas igrejas na atualidade não é a de grandes visionários com suas propostas megalomaníacas, nem de marqueteiros com suas técnicas para aumentar a visibilidade e a aceitação das igrejas no mercado, nem muito menos de "vendedores de mapas" que articulam com maestria as palavras. Nossas igrejas estão necessitando de pais dispostos a viver com seus filhos, conduzindo-os através de suas limitações e crises, com amor e paciência na direção da maturidade em Cristo Jesus. Nossas comunidades precisam de guias que, através da oração e da Palavra, ajudem as pessoas a caminharem através de suas crises e a viverem em meio ao caos.


Rev. Ricardo Agreste


Sobre o autor: Ricardo Agreste é pastor
da Comunidade Presbiteriana 
Chácara Primavera e Professor
 no Seminário Servos de Cristo 
em São Paulo

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Conformes à Imagem de Cristo

Mas assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo" 1Pe 1:15-16
O fato óbvio de que todos nós pecamos pode criar uma atmosfera de falsa segurança entre nós, levando-nos a aceitar com facilidade a idéia de que o pecado é tão comum que não devemos ser demasiado incomodado por ele para que não nos rendemos a nossa saúde mental a uma auto- depreciativo neurose. No entanto, em nosso desejo de nos consolar e manter uma boa auto-imagem, que pode empurrar para o queimador de volta o mandato de Deus: "Sede santos, como Eu sou santo".
Os cristãos evangélicos são mais vulneráveis a sucumbir a essa distorção. Destacamos o fato de que nossa justificação é somente pela fé e insistir para que a nossa justiça é encontrada somente em Cristo. Embora essas afirmações são verdadeiras, é igualmente verdade que a fé pela qual somos justificados é uma fé que produz frutos em nossas vidas. O slogan da Reforma foi a de que somos justificados somente pela fé, mas não por uma fé que está sozinho.
No instante que a fé verdadeira está presente no coração do crente, o processo de santificação começa. A mudança começa de uma vez. O cristão começa a ser conformes à imagem de Cristo. Estamos a tornar-se santo. Se não estamos a tornar-se santo, então, Cristo não está em nós e à nossa profissão de fé é vazia.


Depois desse momento de leitura e reflexão, ore a Deus pedindo que Ele possa está mudando tudo aquilo na sua vida que não esteja em conformidade com a Sua Palavra. 
Deus abençoe a sua vida a cada dia ter uma fé prática.
Naíla Lopes